A Faculdade FEBRAICA e a OCB – Ordem dos Capelães do Brasil, realizará a outorga de Doutor (a) Honóris Causa a figuras públicas de Valença.

A solenidade de outorga da honraria acontece nesta sexta-feira, 26 de maio, às 18 horas, no auditório da CDL, sede da Casa do Empresário de Valença.

O título de Doutor Honoris Causa é a máxima distinção concedida pela relevância de serviços prestados a personalidades que se destacam pela atuação em defesa das artes, da ciência, das letras, de um belo trabalho em prol de uma comunidade e do melhor entendimento entre os povos.

Esse é o título mais importante que um estabelecimento de ensino superior pode conceder a uma personalidade relevante por sua contribuição à humanidade, também nas áreas de educação, cultura, defesa de direitos humanos.

Geralmente, essas personalidades já são reconhecidas e respeitadas pelo seu trabalho, nos diversos setores da sociedade, muitas nem sempre têm uma graduação ou possui uma especialização acadêmica. Tanto que o termo significa “por causa de honra”, em latim, ou seja, essas pessoas tornan-se doutores no que sabem fazer de melhor.

Serão homenageados representantes de diversos segmentos da sociedade com a entrega de 60 outorgas pela presidente da FEBRAICA, Doutora Capelã Elizabeth Ferraz, e do Diretor Geral, Doutor Arariboia.

Uma das homenageadas será a atriz, historiadora, fotógrafa  e radialista Irene Dóres. Conheça um pouco da sua história:

Irene Dóres Nascimento Britto. Atriz, historiadora especialista em direito processual civil, jornalista, radialista, fotógrafa, escritora, pesquisadora, residente em Valença desde 1982.

Apaixonada pela arte que começou praticar ainda muito pequena, ao chegar em Valença se engajou com a turma do teatro e conheceu o Teatro Municipal de Valença onde atuou até o final da década com textos de Otávio Mota e direção de Otávio e Nilson Mendes. Nesse tempo escreveu também textos de comédia e infantil, tendo encenado dois deles. A atriz ficou encantada com a beleza do Teatro Municipal que passou de um tempo de frequência para o ostracismo e do abandono pelo poder público, contudo, sempre teve o desejo de ver aquele patrimônio ocupado e vivo.

Irene Dóres presenciou um grupo de ativistas culturais fazerem um estudo documental sobre o Teatro ainda na década de 1980, porém, nada foi feito pelo poder publico desde então para conservar o imóvel que permaneceu abandonado. Ao entrar para o curso de história da UNEB, resolveu pesquisar e escrever sobre o Teatro, o seu artigo foi apresentado em diversas faculdades pelo Brasil, tendo sido publicado inclusive, na ANPUH-BA – Associação Nacional de História por dez anos.

A partir de 2007 Irene Dóres começou uma campanha em favor da recuperação do Teatro Municipal, e viajou pela Bahia e o Brasil mostrando seu artigo e falando do patrimônio de Valença, ao tempo em que solicitava a todos os prefeitos e secretários de cultura de Valença e da Bahia, que socorresse o Teatro, inclusive até o secretário de Estado Jorge Portugal, o visitou. Por conta do “barulho” feito pela atriz, a busca da cura do Teatro foi ficando conhecida e apareceu até deputado prometendo recuperar o prédio em troca votos, e quando acabou a eleição ele se negou a cumprir sua promessa. Os prefeitos só mandavam varrer o local e até faziam eventos no seu interior de maneira simbólica para acalmar os ânimos, também teve secretário de cultura contaminado pela luta da atriz que fez a limpeza do prédio, mas era só o que eles podiam fazer, nesse tempo a sociedade civil foi ficando mais animada e torcendo pela recuperação do Teatro.

A atriz não parou a luta e ao ser eleita para o Conselho de Cultura aproveitou para intensificar a busca pela recuperação do prédio do início do século XX, e olhar pelos   demais patrimônios da cidade. Nesse viés foi encontrado um prédio tombado na Praça da República que estava prestes a cair, no papel de conselheira de cultura foi até o local e gravou um vídeo que estourou na rede social. O proprietário do prédio que é um dos empresários que mais apoia a cultura em Valença, a procurou e se reuniu com o Conselho de Cultura assinando o TAC para garantia de reconstrução do imóvel.

Após três anos da assinatura o empresário procurou a atriz e conselheira de cultura e solicitou uma negociação para construir algo diferente no terreno que estava vazio em troca da recuperação do Teatro Municipal, a atriz e ativista cultural não pensou duas vezes, convocou o Conselho e começaram as negociações. Pouco tempo depois estava tudo acertado, um novo TAC foi feito e a recuperação do Teatro Municipal começou a ser efetivada.

Na atualidade a obra se encontra em fase de conclusão e o Teatro Municipal vai ser entregue ao município com as características preservadas e o que foi perdido, recuperado. O Conselho de cultura é o tutor do imóvel e o município, o responsável pela manutenção. Irene Dóres e o Conselho de Cultura pensam em várias formas culturais para utilização do prédio colonial, mas que serão efetivadas pela Secretaria de Cultura com a manutenção do município. Após anos de labuta, conseguimos recuperar o Teatro Municipal e entregar para a sociedade que em sua maioria não conhece o imóvel, nunca entrou nele. A partir da entrega o teatro funcionará aberto diariamente para que o povo de Valença possa entrar no imóvel, conhecer e formar novas memorias sociais com esse Patrimônio Municipal que como uma fênix, renasce das cinzas.

Na atualidade tem outra luta para salvaguardar a Cadeia Antiga ameaçada pelo Poder Público de ser demolida, até o presente momento se aguarda uma Liminar da Justiça para que o gestor municipal faça os serviços de urgência para garantir a preservação do prédio. E dessa vez já tem muita gente unida para preservar o prédio histórico.


Baixo Sul em pauta/Ricardo Lemos

 

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