Historicamente as religiões de origem africana, como o candomblé e a umbanda, sofrem os efeitos do colonialismo. Apesar de serem comumente praticadas em todo o Brasil, a
propagação dos cultos africanos ainda enfrenta diversas represálias. Uma delas tem a ver com a própria conjuntura sociopolítica do país.

Durante séculos nosso território foi palco de uma intensa e cruel atividade comercial: o tráfico negreiro. Esse processo resultou na chegada de milhões de pessoas que foram
submetidas ao trabalho coercitivo. Nessa condição, o escravizado era obrigado a praticar a religião católica do colonizador. Mesmo perseguidos, líderes religiosos africanos arrumavam
uma brecha para manter vivas suas tradições em meio ao caos.

Os escravizados buscavam e encontravam nos rituais ancestrais uma espécie de refúgio espiritual, tendo a oralidade como a principal ferramenta de transmissão de seus
conhecimentos e valores. Dessa forma, a memória desses povos não será esquecida.

A disseminação das religiões africanas-juntamente com o catolicismo, protestantismo,
dentre outras- explica a formação do chamado sincretismo. Exemplo disso está na conhecida lavagem do Bonfim, onde envolve adeptos do catolicismo e também do candomblé, resultado
das incorporações ritualísticas realizadas entre si.

Nas últimas estatísticas apresentadas pelo IBGE, uma baixa fração de brasileiros declaram pertencer ao Candomblé. A questão é que, mesmo sendo minoria, os casos de intolerâncias e perseguições vem aumentado assustadoramente.

Embora nosso Estado seja laico e haja um conjunto de leis (relativamente recentes) que coíbem quaisquer dessas práticas criminosas, a demonização e violação dos direitos dos povos de terreiros e tradicionais ainda são recorrentes. Quem destila o ódio sobre a crença do outro não está apto para conviver em sociedade.

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