DO CAIRU E SUA FESTA DO ROSÁRIO Ricardo Lemos 7 de outubro de 2025 Cultura, Notícias Por Mestre Isaías Ribeiro A celebração com festas, novenas e missa entoada a Nossa Senhora do Rosário é autorização da Igreja desde outubro de 1571, tempo do Papa Pio V; originalmente a Nossa Senhora da Vitória, em todas as igrejas que tivessem um altar do Rosário. A festa deveria ser celebrada todos os anos no primeiro sábado de outubro, dia da semana em que se deu a batalha contra os turcos, em Lepanto. Pio V mandou acrescentar, ainda, na ladainha, a invocação “Auxílio dos cristãos, rogai por nós”. Em 1573, já sob o novo Papa Gregório XIII a Igreja mudou o nome da festa para Nossa Senhora do Rosário e a transferiu para o primeiro domingo de outubro. Em Cairu, a Igreja Matriz dedicada à Senhora do Rosário, é das primeiras levantadas pelos portugueses em terras do Novo Mundo e, os párocos observaram sempre esse calendário de primeiro domingo de outubro. O autor destas notas não saberia precisar, a partir de quando, entre nós de Cairu, a Igreja concedeu realizar a festa do Rosário em data diferente do primeiro domingo de outubro; o que alcançou e lembra é que a partir da segunda metade dos anos 1970, mais acentuadamente a partir dos anos 1980, eventos externos passaram a influenciar concessões da Igreja local para a mudança do dia da festa, sempre para o fim de semana mais próximo do dia sete de outubro, que na verdade, é o Dia de Nossa Senhora do Rosário. Alguns dos seguintes eventos parecem ter sido determinantes como argumentos para admissão de data diferente do sete de outubro: a) o maior número de cairuenses residindo fora, em Salvador, Valença e região e isto associado à facilidade dos transportes, coisa que não havia antes, quando os transportes eram mesmo muito difíceis; b) a “política pública” da prefeitura de promover shows “artístico-musicais”. Mesmo de qualidade sofrível, como sempre acontece, esses shows costumam atrair muita gente e interesses diversos. c) a emergência de uma dinâmica turística, inexistente em décadas anteriores aos anos 1980, olhando a festa como oportunidade de melhora dos negócios. De todo modo, é bem oportuno lembrar, primeiro ao cairuense em geral, que o SETE DE OUTUBRO é o feriado Dia da Cidade e, ao cairuense cristão católico, que além da Festa do Rosário, seja também celebrado o dia de sua cidade! NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO Por Antônio Isaías do Rosário Ribeiro Ao cairuense, o que primeiro lhe precisa despertar a atenção ao tratar da história da criação de sua cidade, é o fato de que ela foi mandada fundar em 1565 pelo terceiro donatário da Capitania de São Jorge de Ilhéus, Lucas Giraldi, com o nome de Vila de Nossa Senhora do Rosário do Cairu. De onde veio essa denominação? Que inspiração chegou à cabeça do Lucas Giraldi, um financista e empreendedor italiano fixado em Portugal, atraído pela portentosa corrente de negócios que se avolumava desde que Vasco da Gama alcançou a Índia em 1498? O que terá determinado a localização da vila mandada fundar no espaço geográfico do que é hoje a cidadezinha de Cairu? Que população havia ali além do povo tupinambá, presença por toda a orla litorânea, desde a foz do São Francisco até a do Jequitinhonha? Já desde o século anterior à chegada dos primeiros portugueses para fundar e organizar a Vila do Cairu, a Senhora do Rosário era venerada na península ibérica e outras regiões europeias. Em 1475, dominicanos fundaram em Colônia, Alemanha, a primeira confraria devotada ao Rosário. Duas décadas mais tarde, o Papa Alexandre VI, menciona o Rosário pela primeira vez e aprova a sua prática, que rapidamente se espalha. Portanto, desde a segunda metade do século XV, quando o culto a Maria, Mãe de Jesus ganhou força e papel destacado, então, como arma contra a Reforma Protestante, mas sobretudo contra as heresias. O seu culto foi se transformando sempre mais em símbolo da identidade religiosa e de fidelidade à Igreja. E foi pelo espírito da missão de uma Igreja que procurava maior aproximação dos seus fiéis, que o movimento contra reforma chegou às colônias ibéricas do além-mar; as espanholas, como as portuguesas. A evangelização passou, então, a contar com uma imagem forte, símbolo da distância entre católicos e protestantes: a Virgem Maria. Para tanto, obstáculos foram removidos, oceanos atravessados e territórios conquistados no objetivo de anunciar o Evangelho, onde ele ainda era desconhecido, onde não havia chegado. E a partir do seu anúncio e conhecimento, levar ao mundo os seus valores fundamentais e a sua força transformadora. Tão diferente dos dias atuais com os meios eletrônicos! A sustentar o trabalho missionário, a vinda e permanência do colono, estava Nossa Senhora com a devoção do seu Rosário, devoção que ganhou forças nos contextos contra reforma e de combate às heresias na Europa. Deixe uma resposta Cancelar resposta Seu endereço de email não será publicado.ComentarNome* Email* Website