Técnica cirúrgica minimamente invasiva e de alta precisão pode acelerar o caminho para a cura da doença.

A cirurgia por videolaparoscopia para tratamento do câncer de próstata é um dos procedimentos frequentes no Centro Cirúrgico do Hospital de Brotas, que atende exclusivamente beneficiários do Planserv, plano de saúde dos servidores estaduais da Bahia.

O procedimento urológico, denominado prostatectomia radical – remoção total da glândula prostática, pode ajudar no tratamento do câncer de próstata, especialmente quando diagnosticado em estágios iniciais.

O câncer de próstata representa 29% de todos os casos de câncer em pessoas designadas homens ao nascer no Brasil, com aproximadamente 66 mil novos casos e quase 16 mil mortes por ano, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A doença ocorre principalmente após os 50 anos, com maior incidência acima dos 65. No Hospital de Brotas, a maior parte dos pacientes operados tem entre 60 e 80 anos.

“Na cirurgia de próstata por videolaparoscopia, em vez de uma incisão grande na região inferior do abdômen, fazemos pequenas incisões. São pequenos furinhos na área a ser operada: um para a câmera e quatro para os braços auxiliares. Por meio deles, o cirurgião insere os instrumentos laparoscópicos na cavidade abdominal, trata e remove a próstata de forma oncológica e depois reconstrói o caminho entre a bexiga e a uretra com suturas/pontos. Tudo isso por via laparoscópica, uma forma minimamente invasiva de tratar o câncer de próstata”, explica o urologista Dr. Joabe Carneiro, referência na Bahia e coordenador do Serviço de Urologia do Hospital de Brotas, especialista em laparoscopia, cirurgia robótica e infertilidade masculina.

A prostatectomia radical laparoscópica é indicada para pacientes com diagnóstico de câncer de próstata. Por sua complexidade, a técnica exige um urologista experiente. Quando há um foco de células malignas na glândula, recomenda-se sua retirada completa. O método também pode ser utilizado no tratamento de doenças benignas, como o adenoma prostático que é o crescimento não maligno da próstata, comum em homens mais velhos, quando é possível remover apenas parte da glândula. Além disso, a videolaparoscopia urológica é amplamente utilizada para remoção de tumores renais, mostrando seu caráter multifuncional.

Vantagens da videolaparoscopia

Segundo Dr. Joabe, as pequenas incisões reduzem a dor no pós-operatório, já que praticamente não há corte de musculatura. Outro benefício é a diminuição do sangramento: um gás utilizado para distender o abdômen amplia a cavidade e ajuda a diminuir o sangramento.

“A câmera aumenta quase 50 vezes o campo de trabalho e oferece ao cirurgião uma visão mais ampliada das estruturas, o que contribui na redução de riscos”, destaca ele. A visualização detalhada da área operada aumenta a precisão durante toda a cirurgia.

A recuperação também é mais rápida do que na cirurgia aberta. Em geral, o paciente recebe alta em até 24 horas, podendo permanecer em observação por mais tempo em caso de idade avançada ou comorbidades. Ao ir para casa, permanece com uma sonda temporária por sete a dez dias que será retirada em consultório. Na cirurgia aberta, esse período da sonda costuma levar cerca de 15 dias.

O repouso pós-cirúrgico deve ser ativo. “Não é para ficar parado, deitado ou sentado no sofá. É importante andar no plano e se movimentar para evitar embolia pulmonar e trombose venosa profunda, além de manter uma boa higiene no uso da sonda”, recomenda o urologista.

Resultados funcionais e qualidade de vida

A técnica reduz a manipulação de tecidos e órgãos na região, diminuindo o risco de infecções e problemas de cicatrização. O retorno às atividades de rotina, inclusive laborais, costuma acontecer mais cedo.

“Os resultados funcionais também são melhores que na cirurgia aberta, tanto na preservação da continência quanto na potência sexual que é uma preocupação importante entre pacientes mais jovens. Na cirurgia convencional, geralmente há alguma perda de urina no pós-operatório imediato. Já por laparoscopia, às vezes nem isso acontece: retira-se a sonda e o paciente não chega a usar fralda. Na maioria das vezes, permanece totalmente continente”, afirma Dr. Joabe.

A detecção precoce do câncer de próstata garante ao paciente mais de 90% de chance de cura. Em casos avançados, o tratamento é outro, sem possibilidade de cura cirúrgica.

A cirurgia videolaparoscópica está disponível pelo SUS em Salvador, em centros de referência como o Hospital do Homem, o Hospital Roberto Santos e o Hospital das Clínicas da UFBA. Dr Joabe Carneiro fez questão de salientar que no Hospital de Brotas, todas as cirurgias para tratamento do câncer próstata são por via laparoscópica, justamente para levar o que se tem de melhor tecnologia e segurança para o usuário que é o servidor público do estado.

Depois do Outubro Rosa, o Novembro Azul

Em outubro, a equipe de enfermagem do Centro Cirúrgico do Hospital de Brotas foi treinada para o acolhimento de pacientes em tratamento de câncer de mama. Em novembro, o foco foi o aprimoramento da assistência em cirurgias urológicas laparoscópicas. Não apenas pela simbologia do Novembro Azul, mas porque todas as cirurgias de próstata no hospital utilizam essa técnica.

O enfermeiro Victor Coelho, responsável por ministrar parte dos treinamentos, destaca que a capacitação é estratégica para garantir segurança, atualização e autonomia à equipe.

“Num cenário de constante evolução, seja em protocolos, equipamentos ou práticas assistenciais, capacitar os profissionais fortalece a linha de frente do cuidado. Quando o profissional domina o que faz, sente-se mais seguro para se comunicar com clareza, acolher demandas e atuar de forma cooperativa. Embora nossa área tenha um forte componente técnico, o treinamento também é um processo relacional e humano, capaz de aprimorar vínculos de equipe e promover um ambiente de cuidado mais harmônico”, afirma.

Lembrete importante – de novembro a novembro
Os exames preventivos do câncer de próstata, com o urologista, devem começar aos 50 anos para quem não tem fatores de risco e aos 45 para pessoas com histórico familiar da doença.

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