VALENÇA E SEUS TESOUROS ESCONDIDOS! Ricardo Lemos 11 de janeiro de 2025 Cultura, Notícias Por Leanderson Silva Valença guarda tesouros escondidos! Alguns deles são fachadas históricas encobertas por placas que ostentam nomes de lojas, em especial no calçadão e na região do centro! Na antiga ladeira do porto, próximo ao cais, ao lado do prédio da antiga Padaria Sereia, a fachada da Farmácia União escondia um coroamento composto pelo frontão com um brasão destacado e uma platibanda com ornamentos florais. Tais características são singulares do final do século XIX e início do XX, que podemcoloca-locomo um edifício de estilo arquitetônico eclético, por causa da diversidade de elementos de diversos estilos arquitetônicos, como as colunas quadradas dentro da parede e quase imperceptiveis, a cornija, a cimalha, o frontão em semicirculo e a faixa ornada. Termos técnicos à parte, os ornamentos enriquecem a edificação, demonstrando que ela não faz parte dos nossos tempos, e quando vamos em algum lugar, tudo que é diferente nos inquieta, e é esse sentimento que nos movimenta e gera vida e economia. É por esse questionamento que visitamos Salvador, Cachoeira, Ilhéus, São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades. Valença tem edificações e ruínas dos séculos XVII, VIII, XIX e XX que são provas que resistem ao tempo para demonstrar que essa cidade é importante sim e que ela tem história. Esse tesouro, como tantos outros, que, valorizado, geraria mais renda, podendo inclusive ser feitas captações de recursos com os poderes governamentais, estava escondido por uma placa metálica que, recentemente, foi retirada. Fosse em outra cidade, a fachada seria restaurada, colorida como adorno de qualquer estabelecimento que a ostentaria com orgulho. Ganharia destaque! Aqui ela corre risco de ir ao chão! Impressiona que edificações históricas, que podem servir de atrativos turísticos e econômicos, são demolidos como se fossem qualquer coisa, um objeto ou algo sem valor. No século XXI o que mais importa é o storyteling, a história que se conta. Visitam Salvador por causa de seus monumentos, visitam Morro de São Paulo pelo mesmo motivo, além de suas belezas naturais. Por que em Valença é tão difícil para os gestores e proprietários valorizar o que temos? Minha experiência andando e morando em outras cidades demonstram que nesses lugares as pessoas se apegam ao pouco que tem. Como em Trindade-GO conhecida pelo Santuário, o turismo religioso gerar uma riqueza absurda ao município. Ou em Iotim-MG um lugar que conserva a biodiversidade e celebra a arte contemporânea… Em Valença perdemos a Casa de Câmara e Cadeia por falta de ação do poder público municipal, perdemos casarões históricos como o de dona Rute, os Casarões da Praça da República e da Beira do Rio… Quase perdemos a matriz, que graças a ação incansável dos padres, em especial do Pároco, Pe Marcos Reis, dos paroquianos que ajudaram nas diversas campanhas, da sociedade civil de Valença e apoio de políticos conseguiram juntos ao IPAC iniciar os trabalhos de restauração em andamento. Só em 2024 se foram mais de 3 casarões e 2025 já se inicia com mais um. E o Palacete do Comendador Madureira? Espero que os proprietários preservem a fachada, mantendo o coroamento da edificação, um ornamento tão difícil de se ver na contemporaneidade! Isso seria um marco para demonstrar que é possível preservar o patrimônio cultural de Valença dialogando com a as necessidades atuais! Leanderson Silva nasceu e cresceu em Valença. Arquiteto, atualmente é mestrando em Arquitetura e Urbanismo na USP. Deixe uma resposta Cancelar resposta Seu endereço de email não será publicado.ComentarNome* Email* Website